domingo, 14 de julho de 2013

Atraso de vida

Viver no campo numa vivenda tem de facto inequívocas vantagens. Além de não sentir que vivo permanentemente numa cadeia como num qualquer apartamento na cidade, de não ter de partilhar a habitação com várias pessoas que não conheço e ter de cumprir certas regras, como a questão do ruído, e não estar à vontade para fazer toda uma série de coisas, temos ainda outra qualidade de vida no campo. Mas por outro lado há coisas que pela sua especificidade só podem mesmo acontecer nos meios rurais.

Hoje ao fim da tarde peguei na cadela dos meus pais, a Pandora, e fui caminhar calmamente pelo monte fazer um trilho já habitual. Quando fazia o percurso de volta, e ainda estaria a bem mais de quinhentos metros de casa, comecei a sentir um cheiro horrível a plástico queimado, mas não consegui identificar qualquer sinal de fumo precisamente porque estava longe, e o céu ainda por cima hoje encontrava-se encoberto. Já a chegar a casa dos meus pais, o cheiro era ainda mais intenso, e perguntei de imediato à minha mãe se alguém andava a queimar plásticos. De imediato me responde que era o vizinho, e que inclusive teve de ir fechar as janelas porque o cheiro era insuportável.

É verdade que eu "ainda sou do tempo em que" não havia recolha do lixo. É verdade. Hoje em dia parece algo banal ter um contentor do lixo à porta de casa, existem os vidrões e ecopontos para tudo e mais alguma coisa,  mas quando era criança haviam as lixeiras a céu aberto, e era habitual queimar-se o lixo. Mas as coisas felizmente que mudaram!
Não cabe na cabeça de ninguém, nos dias de hoje, alguém que tem ao fundo da rua um contentor do lixo se ponha a queimar plásticos em casa e a libertar substâncias tóxicas para si e para a sua família, mas também para toda a vizinhança e para o meio ambiente.

Mas infelizmente este vizinho não é caso único. Eu chego à conclusão que as pessoas, além de irresponsáveis e ignorantes adoram é fazer  fogueiras, e qualquer desculpa é boa para as fazer, fogueiras já agora diga-se, que por mero acaso, nesta altura do verão até são proibidas!
A propósito de ignorância, também ainda não percebi o porquê de, tendo o município um serviço (ainda) gratuito de recolha de eletrodomésticos e outros objetos de grandes dimensões, é possível encontrar pelo monte televisores e computadores, frigoríficos, etc. - Qual é mais fácil, ligar para a câmara municipal e esperar tranquilamente que o venham a casa carregar, onde será encaminhado para a reciclagem,  ou pegar num eletrodoméstico geralmente pesado, carregar com ele e ir deixá-lo num qualquer terreno baldio?

É nestas pequenas coisas que se percebe o porquê de sermos um país atrasadinho, verdadeiramente terceiro-mundista.

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