sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Convento de Cristo e Mata Nacional dos Sete Montes

No fim de semana passado estive pela primeira vez em Tomar. Cidade histórica, fundada por Dom Gualdim Pais, doada inicialmente à Ordem dos Templários, que depois da sua extinção, ficou ligada ao  Infante Dom Henrique que se instalou no castelo como governador da Ordem de Cristo.

Estátua de D. Gualdim Pais - Fundador de Thomar
Nos dias de hoje, creio que Tomar, além de associada aos Templários, da Festa dos Tabuleiros, é essencialmente conhecida pelo Convento de Cristo e a sua Janela Manuelina que é património mundial desde 1983.

Mas junto do convento existe também um enorme espaço verde, que foi criado no século XVI, para permitir, tanto a clausura e recolhimento dos monges, como também a sua exploração agrícola. Hoje em dia, é utilizado como parque, onde se pode caminhar, andar de bicicleta, fazer um piquenique, ou simplesmente - como faziam os monges há quinhentos anos - contemplar um vasto espaço de floresta e jardim.

Chegados à Praça Infante Dom Henrique, onde fica situado também o Posto de Turismo, e virados para a estátua do navegador, estamos perante a Entrada da Cerca, mandada construir em 1938, ano em que o espaço foi transformado em Parque Florestal. Em 1986 o parque foi integrado nos Parques e Matas nacionais passando a ser designado por Mata Nacional dos Sete Montes.

Praça Infante Dom Henrique - Entrada do Parque 

Confesso que o meu principal objetivo da visita a Tomar, além de matar saudades de uma amiga que lá vive, era visitar os jardins da Mata dos Sete Montes, mas uma vez que ali estava, não visitar o Convento de Cristo, à qual a Mata pertence, seria quase como ir a Atenas na Grécia, e não visitar o Paternon! E então claro, aproveitei para passear um pouco pela cidade e visitar o Convento de Cristo no domingo (com entrada gratuita) e ainda andei sobre o Aqueduto dos Pegões. 

Junto ao rio Nabão existe um ilhéu, uma pequena porção de terra ajardinada, que está ligada por uma ponte (para uso exclusivo dos clientes da estalagem) onde está a Roda do Mouchão, uma grande roda hidráulica, feira em madeira de memória árabe. 







Mas desloquemo-nos então para os jardins do Convento de Cristo, conhecidos por Mata dos Sete montes. Logo à entrada, temos diante de nós o extenso Jardim Formal. Como a palavra indicia, formal, por ser constituído por linhas direitas e formas geométricas, formado geralmente por arbustos rasteiros como o buxo.








Seguindo em frente, depois do jardim formal, do parque infante e parque de merendas, encontramos a Alameda dos Freixos.

Alameda dos Freixos


Depois de ultrapassado o túnel dos freixos, virando à esquerda iremos encontrar a Charolina, uma casa de fresco do Renascimento, contemporânea do Convento, local de refúgio e meditação.


Charolina




O Jardim Formal e a Alameda dos Freixos são uma espécie de avenida que atravessam e dividem o parque ao meio, mas existem muitos outros caminhos que envolvem o espaço. Alguns caminhos estão sinalizados limitando o acesso, certamente ainda devido às consequências do tornado que varreu Tomar há precisamente três anos e derrubou várias árvores de grande porte, e algumas ainda podem ser vistas tombadas.

Muitas espécies podem ser observadas no parque, como as oliveiras, típicas da região que pude ver ao longo da estrada nacional, bem como imensos pinheiros mansos, mas também podemos ver muitos carvalhos, os já mencionados freixos, choupos, olaias, ciprestes, plátanos, medronheiros, e muitos arbustos, como gilbardeiras, folhado-comum, piracantas, entre muitas outras plantas que certamente nem identifiquei. 


Oliveira
Folhado-comum (Viburnum tinus)
Piracanta - Pyracantha coccinea

Piracanta que nasceu numa fissura das pedras


Cogumelos

Folhas de Plátano


No dia seguinte, domingo, levantei cedo e dirigi-me então para fazer a visita ao Castelo e Convento de Cristo.















Janela Manuelina 



 De tarde, ainda fui visitar o Aqueduto dos Pegões (Séc. XVII) obra filipina com seis quilómetros e 180 arcos, que fornece a Cerca e Convento de Cristo.




Fiquei encantado com a visita a parque, quer na dimensão, no jardim, floresta, ou diferentes espécies, e até estranhei o facto de estar, num fim-de-semana, quase vazio. Mas há aspetos negativos que tenho de salientar. Se temos um jardim formal, devemos assumir a sua formalidade. Ninguém veste um fato e gravata e depois calça umas sandálias não é? Ter um jardim formal, que depois está cheio de ervas daninhas, canteiros que estão cheios de trevo e heras, buxo por podar, podem ficar bonitos num jardim ao natural mas não na rigidez do jardim formal. Depois, entristece ver a Charolina completamente vandalizada, com as pedras e madeira cheia de sarrabiscos, dá um sinal de património ao abandono e incentiva a mais vandalismo. Por último dar nota que, os cãezinhos são muito bonitos, mas as raças perigosas são para andar de trela e açaime para não importunar que chega e quer fazer a sua visita tranquilamente e depois tem quase de andar a fugir dos animais. 

De resto, é um dos parques mais interessantes que já visitei, e aconselho toda a gente que gosta de jardins e natureza a passar por lá. Acrescentar ainda que o Convento de Cristo tem entrada gratuita (como convém) ao domingo, e que a Mata Nacional dos Sete Montes está aberta todos os dias, de Outubro a maio, das nove da manhã às cinco da tarde.  

Sem comentários:

Enviar um comentário