sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O Homem abandona - A Natureza toma conta VI

E foi algures pelo meio do trilho de Águeda que umas flores altas, amarelas, me chamaram a atenção para mais uma casa ao abandono, que a vegetação já está a tratar de tomar conta. 





Pateira de Fermentelos

A última caminhada que fiz levou-me a Águeda para o percurso PR1 "da Pateira ao Águeda", e levou-me aquela que é, a Pateira (ou Pateira de Fermentelos) e eu nem fazia ideia, que é uma das maiores (senão mesmo a maior) lagoa natural da Península Ibérica, e que chega a atingir os 5Km quadrados. A lagoa que vista do Google Maps faz-me lembrar, claramente, o mapa de Itália mas em água!, e que como o nome indicia - Pateira - significa abundância de patos.




Ao ver a localização da lagoa no Google Maps, de imediato me fez lembrar do Mapa de Itália, tal e qual!





Trata-se de uma vasta área de água que como é lógico concentra em si uma grande quantidade de vida, daí ser um espaço de grande riqueza e importância a nível de fauna e flora, e por isso mesmo alvo de proteção nacional e internacional.





Devo dizer que gostei bastante do espaço. Muita passarada para observar de perto, com os binóculos ou para fotografar. Muitas espécies aquáticas para conhecer. Vários locais onde se pode relaxar, fazer desporto, caminhar, andar de bicicleta... Claro que há sempre coisas que se podem melhorar, mas o mais importante já o têm, que é a lagoa em si, agora basta preservá-la e proporcionar cada vez melhores condições a quem a visita.




Ao longo do percurso apercebi-me que existem diversos pontos de acesso ao trilho, nomeadamente o Parque de Lazer de Espinhel, mas este pode ser iniciado em qualquer ponto visto tratar-se de um percurso circular. No entanto, este começa, digamos que, oficialmente, no Parque de Lazer de Ois da Ribeira junto ao restaurante. 









Segundo o folheto do percurso ficamos a saber que o percurso pedestre desenvolve-se em espaço natural e semi-natural, por entre amieiros, freixos, carvalhos, loureiros, choupos, eucaliptos e que podem também ser observadas (entre outras) espécies como: a Garça vermelha, o Milhafre-preto, a Águia-sapeira, a Águia-de-asa-redonda, o Guarda-rios, o Perna-longa, o Pato-bravo e o Galeirão.


Apesar de no site da Câmara Municipal de Águeda nos informar da grande remoção que se fez da infestação de jacinto-aquático (Eichhornia crassipes) na verdade ele ainda se vê a infestar densamente algumas zonas, não deixando no entanto de dar um bonito colorido verde sobre as águas. Aliás, quando por ali cheguei, bem cedo, por entre a bruma que se fazia sentir, não sabia bem que pequenas manchas eram aquelas que via ao longe no leito da lagoa, e só quando a neblina se começou a dissipar é que pude perceber que se tratava de alguns jacintos aquáticos que por lá andavam a flutuar. E são várias as espécies de plantas aquáticas que podemos vislumbrar como a Erva pinheirinha, os Nenúfares ou Lírio-amarelo-dos-pântanos.



Mas os jacintos não são, infelizmente, a única invasora que podemos observar. Enquanto caminhava vi no trilho que parece que no inverno passado terá estado afogado uma vez que vi muitos jacintos a dois ou três metros de altura, secos, pendurados nos ramos das árvores, e vi no trilho, restos daquilo que me pareceu ser, claramente, um Lagostim-vermelho-do-Louisiana. Algumas pessoas mais velhas alvitravam que seria tudo menos isso, mas pesquisando nas diversas fontes oficiais confirma-se, que a lagoa está também infestada por este lagostim exótico invasor. Tal como também avistei, por exemplo, várias Hakea-picante uma pequena árvore também ela invasora.



Um local que muito me surpreendeu, e que fica a uma hora de distância de casa, e que certamente quererei voltar, munido de binóculos e máquina fotográfica para tranquilamente poder observar com mais calma e pormenor todo aquele imenso habitat aquático.

domingo, 25 de setembro de 2016

O Homem Abandona - A Natureza toma conta V

Quinta do Mirante em Oliveira do Douro, mesmo junto ao Rio Douro e em frente do Palácio do Freixo que fica lá do outro lado do rio. As silvas tomaram conta do terreno e a bela casa que está devoluta, também ela está quase a ser engolida pela vegetação. 


















Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima 2016



O Festival Internacional de Jardins em Ponte de Lima já abriu, como todos os anos, no final de Maio, mas acabei por o visitar só agora em Setembro e acabou por ser assim quase sem o ter planeado.

No início do mês, uma amiga minha, minhota, com quem já não estava há dois ou três anos, porque está em França a trabalhar e estudar, disse-me que ia estar por cá e se eu não queria aparecer por Braga. 

Pois claro que queria estar com ela! Matar as saudades que são sempre muitas de anos sem nos vermos, e ouvir da sua boca como a vida lhe vai correndo, os planos, os amores e falar-lhe logicamente também de mim. 

Era domingo, saí relativamente cedo de casa e fiz-me à estrada nacional, tranquilamente. Pouco depois das 10h já estava por terras de Bracara Augusta e resolvi fazer um pouco de tempo, passando no Bom Jesus. Da última vez que por lá tinha estado estava tudo em obras na zona do lago, lembro-me de ver por lá máquinas de terraplanagem e estava tudo virado do avesso, então resolvi ir ver se já estava tudo arranjado e tirar algumas fotografias, e provavelmente um dia destes até aqui partilho no blogue. 

Combinamos ao meio-dia. 
Dei a minha voltinha pelo lago, caminhei mais um pouco, e resolvi então rumar para o centro comercial da cidade para não me atrasar, e cheguei ainda bem antes da hora marcada que até ainda deu tempo de comprar duas t-shirts baratinhas na loja de desporto. 

Lá nos encontramos - e não era preciso ela dizer-me que estava de calções de ganga e camisa verde, até porque ela viu-me logo à distância! - e lá rumamos para Ponte de Lima. 

Chegados a Ponte de Lima logo nos apercebemos que estávamos em fim-de-semana de Feiras Novas, as festas do município, tantos eram os carros estacionados ao longo da estrada. E decidimos estacionar junto ao Festival de Jardins, mas que neste dia cobravam 5€ de estacionamento para o dia todo. Tínhamos combinado fazer um piquenique e eu até sugeri que talvez pudéssemos comer na zona de lazer do Festival de Jardins, um espaço verde, relvado e com bancos de jardim, mas achei por bem perguntar na bilheteira se o poderíamos fazer. A menina que nos recebeu, foi tão simpática que repetiu "É que nem pensar"! 

Então, pegamos nas toalhas e fomos estendê-las mesmo em frente do rio, e enquanto íamos petiscando íamos também pondo a conversa em dia. 

Fomos depois visitar os jardins, e felizmente que na bilheteira já lá estava outra pessoa, e a meio da tarde ainda demos uma volta pelo centro histórico, no meio de toda aquela gente que andava de volta das tendas da feira. Ela ainda fez umas compritas, e ainda petiscamos umas iguarias e comemos um gelado. 

Foi um dia em cheio, pelo passeio, pelos jardins, pela boa companhia, mas principalmente por constatar que há amizades que são resistentes como certas plantas, que por mais inóspitos que sejam os sítios onde crescem, elas mantêm-se sempre firmes. 

Mas vamos então ao que interessa, aos jardins. Por ordem de entrada em cena:


Em Direção à Luz - Um Jardim do Conhecimento

Ao princípio vai ver a natureza através das molduras em madeira e depois começará a sentir o cheiro de flores ou a ouvir o suave som da água. Finalmente, será recebido num jardim aberto com diversos canteiros de flores, cada um estimulando um sentido em especial.










 



Os Números do Jardim

Como o tema do Festival de 2016 é o conhecimento, a intenção foi proporcionar uma leitura agradável e não banal, que acaba por divulgar fenómenos da natureza relacionados com a matemática teórica através da experiência prática de os observar, conhecer e reconhecer.








ADN - Biblioteca do Conhecimento

Da mesma maneira que o cientista abre o plano com o microscópio e o jogador de xadrez se afasta do tabuleiro para ter uma perspectiva melhor. O visitante tem uma possibilidade de entender a dinâmica da vida e a sua complexidade, em que todos os detalhes são importantes, como ADN mas também ainda como jogo e diversão.









A Célula - Biótipo do Conhecimento

Este jardim, para além da componente pedagógica, tem o intuito de interagir com o visitante permitindo a visualização a uma escala macro o que apenas pode ser visto ao microscópio.





Conhecimento Exportado


Um avião, carregado com malas de conhecimento e de pátria, aterra no meio de um outro país que não é o seu. O avião representa o desprendimento com o país natal. O início de uma viagem que será o ponto de partida para uma nova fonte de conhecimento/futuro. Nas malas estão representados todo o conhecimento e experiências adquiridos ao longo das suas vidas. Cada jovem árvore (Quercus robur – espécie autóctone e predominante nas paisagens a Norte do País), que brota das malas abertas representa um jovem emigrante. A cada um deles estará associado uma pequena crónica com o testemunho de um jovem emigrante português, com uma pequena reflexão sobre a sua tomada de decisão e de como foi “aterrar” e criar raízes num novo país.















Conhecimento Interligado

O conhecimento é a soma das distintas áreas existente, como a Física, a Química, a Matemática, a Música, a Filosofia, as Artes. A Tecnologia...









Mundo Claustrum 

Neste conjunto edificado o claustro é o lugar de contemplação por excelência, pois é ele próprio espaço de encontro privilegiado. O claustro representa a delimitação e a geometrização do mundo natural, a sua domesticação, a revelação da beleza divina.






 96 Por Cento

Os cientistas acreditam que tudo o que sabemos sobre nós próprios, o nosso planeta e o universo não passa de 4% do que deve existir. Os outros 96% são desconhecidos! O nosso jardim pretende representar estas ideias duma maneira poética, atraente e contemplativa. O carácter do jardim é enigma e mistério; descoberta e iluminismo.







Homenagem às Árvores

Homenageamos as árvores, fundamentais nas nossas vidas que, generosamente, nos acolhem, inspiram e ensinam, um exemplo completo do ciclo de vida na terra.








Nucis

Sabia que a noz é um dos frutos mais nutritivos para o cérebro? De facto, a sua textura, a sua cor e até a sua forma são semelhantes às de um cérebro. É através desta metáfora, mas também plasticamente com a fusão destes dois elementos, que se articula o presente projecto.


(E só agora percebi agora que nos esquecemos de visitar este jardim!)


As Pirãmides do Conhecimento

Esta forma arquetípica, herdada da pirâmide dos conhecimentos, é utilizada como método de organização e de gestão hierárquica das informações e do conhecimento. As três pirâmides do conhecimento ilustram alegorias notórias, inspiradas na caverna de Platão, na organização racional em Descartes, bem como, na árvore da vida do Jardim do Éden. Construídas sob forma de camadas, cada nível permite aceder a um estado de compreensão, até atingir o estado de sabedoria, no topo da pirâmide. Com o brilho do sol, o tratamento “poli espelho” acentua este efeito de ascensão. As três pirâmides encontram-se em escalas diferentes, representam diversas maneiras de aceder ao conhecimento e expressam-se aqui sob forma de jardins verticais. As duas primeiras pirâmides são personificações de filósofos, que expõem a noção de ideias inatas próprias do Homem.







O festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima abre em Maio e encerra a 31 de Outubro, e a entrada custa 1€. Para consultar todas as informações, visitar o site oficial.

Se quiserem passar os olhos pelas minhas visitas nos anos anteriores:
2015

2014

2013