sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Lost in Translation

O livro A Vida Secreta das Palavras de Peter Wohlleben, revelou-se como um dos meus livros preferidos dos últimos tempos, e acho mesmo que todas as pessoas o deveriam ler. Contudo, a páginas tantas, o tradutor cometeu uma gaffe de tal ordem, que qualquer português comum, mesmo não sendo muito entendido em árvores percebia que há algo de errado na tradução.

Na página 170 do livro pode-se ler:

"O azevinho dispensa o moroso processo do crescimento ascendente, preferindo começar logo já lá em cima. É com esse objetivo que as suas sementes pegajosas se agarram aos ramos das copas, onde os pássaros vêm afiar os seus bicos. Mas como é que chegam lá a cima sem qualquer de contacto com o solo que lhe forneça água e nutrientes? Estes são recursos que se encontram em abundância nas zonas superiores, mais concretamente nas próprias árvores. Para isso, o azevinho estabelece as suas raízes no ramo onde se encontra, limitando-se depois a absorver aquilo que precisa."


Certamente que o autor não se poderia referir ao azevinho, pois como todas as pessoas sabem, o azevinho, árvore espontânea em Portugal (apesar de ameaçada de extinção) nasce no solo, à sombra dos carvalhos ou sobreiros. Creio que o autor se quereria referir ao visco, essa sim, uma planta parasita, que nasce na copa das árvores.  

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