sábado, 9 de novembro de 2013

Libélulas e libelinhas

Ainda me lembro muito bem, de ser muito pequeno, e sempre que passava aquele inseto que voava como um helicóptero, e que me deixava fascinado a observá-lo, toda a gente dizia "olha ali um tira-olhos"! E durante muito tempo, na minha ingenuidade de criança, perguntava-me mesmo se me deveria proteger de tal criatura diabólica, não fosse aquele nome ter algum fundo de verdade e eu correr sérios riscos de ver os meus olhos arrancados.

A ignorância do homem criou mitos e preconceitos e até as libelinhas que apareceram milhões e milhões de anos antes do Homem,  foram diabolizadas, daí serem chamadas de tira-olhos ou cavalinho-das-bruxas. Estima-se que as libélulas aparecem há 320 milhões de anos, cerca de cem milhões de anos antes dos dinossauros, e devido à sua extrema perfeição, pouco ou nada mudaram até aos dias de hoje, a não ser o tamanho, porque quando surgiram, tinham cerca de 70cm de envergadura e isso consegue-se saber através dos fósseis que chegaram intactos até aos nossos dias.

Chamamos libélulas às maiores, as que têm as asas posteriores maiores que as anteriores, e quando pousam mantêm as asas abertas, ao passo que as libelinhas, mais pequenas, quando pousam fecham-nas junto ao corpo.

Libélula pousa mantendo as asas abertas

As libelinhas pousam mantendo as asas junto ao corpo
As libélulas são consideradas as aves de rapina dos insetos, são caçadoras perfeitas, arrancam muito rapidamente e voam a grandes velocidades. As suas asas batem a umas incríveis trinta vezes por segundo e pensa-se que terão mesmo a melhor visão de entre todos os insetos. Os seus olhos compostos são enormes em relação ao corpo, ocupam grande parte da cabeça o que lhes permite uma visão de 360º. Alimentam-se da maioria dos insetos voadores como moscas, mosquitos, vespas, borboletas e são conhecidas também por se alimentarem por outros indivíduos da sua espécies (canibalismo). Este ano tive a oportunidade de conseguir captar uma libelinha a caçar como se pode ver na imagem:       

Calopteryx virgo
Foi a primeira vez que consegui fotografar uma libelinha a caçar e também a primeira vez que fotografei esta espécie. Esta espécie, além de não ter as asas transparentes como as libélulas, apresenta um voo mais gracioso e o bater das asas assemelha-se ao de uma borboleta. 

Encontrei esta espécie no rio Gadanha mesmo junto ao Palácio da Brejoeira em Monção. Vinha na estrada nacional à procura do Palácio e reparei na placa à direita "Praia fluvial". Resolvi então encostar e fazer um piquenique, para então depois de bem nutrido, visitar o palácio e jardins.

Palácio da Brejoeira em Monção
Naquele local pude encontrar um grande grupo desta espécie naquele seu bailado caraterístico, pousam e depois, de vez em quando abrem e fecham as asas. Têm umas cores lindíssimas, um azul/verde metalizado cintilante quase hipnotizante que me levou a aproximar bastante da água só para as fotografar!





A vida das libélulas começa sempre na água doce. Os casais acasalam naquela posição única na natureza, em que formam um coração, e as fêmeas depositam um ovo diretamente na água, ou em plantas e rochas próximo da água, e depois, as chuvas encarregar-se-ão de os levar para a água.

Libélula a depositar ovos na água
Do ovo nascerá uma larva que viverá durante vários meses, ou vários anos até, dentro de água, e já nasce com os olhos compostos caraterísticos e com o instinto de predação voraz. Alimentam-se de lagartas, larvas, mas também de girinos e pequenos peixes, podendo ter várias vezes o seu tamanho. Até que chega o momento de sair da água e transformar-se de larva em libélula. Depois da metamorfose, e se não forem caçadas por outros animais, acabam por morrer naturalmente passado algumas semanas, e no fim de vida apresentam já muitas vezes a ausência de partes das asas, tal como acontece como as borboletas.

5 comentários:

  1. Adoro a Calopteryx virgo, foi a espécie que pousou na cabeça da minha irmã quando estava a remar um barquinho num lago...:) Parece que tem asas de veludo azul marinho, e o corpo é todo irisado...olha, lembra-me um bocado as penas dos pavões *w*

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  2. São mesmo muito bonitas. Encontrei também uma aqui na aldeia num charco onde costumava ir buscar lodo para as plantas aquáticas. Para o ano vou ir lá mais vezes ver se as encontro para fotografar.

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  3. Olá! Sim já estive aqui a ver o teu blog também. Acho que sabes tirar fotos e tens um blog muito interessante.
    Um abraço! Vou acompanhar.

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