sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Descoberta inesperada

Há muitos anos que não me lembro de ver salamandras. Lembro de certa vez, sei lá, há uns vinte anos, ter visto uma já adulta no passeio de casa, mas entretanto nunca mais as tinha visto, o que não quer dizer que andem por cá. Encontrei sim, duas salamandras na rua dos meus pais, há uns dois meses talvez, mas mortas, e das duas uma, ou foram mortas pelos carros, ou então foram mortas propositadamente, algo muito plausível, não fossem os repteis e as próprias salamandras (anfíbios) alvo de muitos mitos e crenças infundadas, que resultam na morte de muitos animais por mero ódio ignorante.

Nos últimos dias o tempo não tem dado tréguas para se fazer alguma coisa, é chuva e mais chuva e ventos fortes. Hoje esteve mais aos aguaceiros, calcei umas galochas  (parece que até estão na moda não é?!)  e aventurei-me a fazer umas pequenas coisas, ainda que andasse algumas vezes à chuva, mas como o tempo está quente até me sabe bem!

Depois de ter passado a ronda pelas muitas plantas que tenho, de ter feito umas pequenas podas, e ter andado a apanhar as muitas tangerinas e laranjas caídas no chão, fui varrer a enorme quantidade de folhas que se acumulavam no portão da frente da casa. Começo a apanhar as folhas, com as mãos, e de repente, alto! Era uma pequena salamandra com uns quatro ou cinco centímetros que estava escondida no meio daquela folharada toda! Fui buscar a máquina fotográfica, apesar de estar a chuviscar, pois queria registar o acontecimento. Segundos depois quando voltei, a pequena salamandra já não estava no mesmo sítio, mas deparei-me com outra escondida com o rabo de fora!

Estou-te a ver!

Destapei o animal e pude ver que se tratava de um animal adulto, talvez a progenitora da pequena cria. O animal estava muito imóvel, mas apercebi-me que estava bem vivo!


Olhei em volta e rapidamente encontrei onde a pequena cria que se tentava esgueirar:


Em Portugal é possível encontrar duas sub-espécies, a S. s. crespoi no Algarve, e no restante território a S. s. Gallaica. 

Uma última fotografia, (de jeito!) à maior, e a seguir ia-a tirá-las dali. 

Salamandra-comum (Salamandra salamandra gallaica)
Resolvi tirá-las dali, pois poderiam facilmente ir para a estrada, e o problema não seriam os carros, pois a minha casa é a última da rua, mas temia que se fossem vistas acabassem mortas. Então levei-as para junto de um monte de restos de jardim que tenho nas traseiras da casa, com muitas folhas também, que irá depois, em princípio ser uma segunda pilha de compostagem. 

Como se alimentam de insetos e pequenos invertebrados como caracóis, lesmas ou centopeias, parece-me um animal extremamente simpático e principalmente útil para se ter cá por casa!

3 comentários:

  1. QUE FIXE! Aqui em baixo não se vê insectos nem bichos, pelo menos assim sem andar a procurar...e eu que me dou a sentir falta das minhas aranhas pretas e grandes e venenosas de estimação, a Mariazinha e a Dentuças (aquela do buraco do jardim que põe os dentes todos para fora). Ai ai! Eu bem olho para os cantos deste apartamento - mas nada!
    :D

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  2. Olá, encontrei o seu blog por acaso e tenho muito interesse em alguma da informação que aqui partilha. Sou coordenador do projeto Charcos com Vida (charcoscomvida.org) e estamos com um projeto específico para inventariar todas a massas de água da cidade do Porto e presença de anfíbios (também temos um inventário no site a nível nacional). Gostava de saber onde observou esta salamandra; o sapo e a cobra de àgua e pedir_lhe se possível para nos ajudar a registar no inventário disponível no site todas as massas de água que não estiverem lá localizadas. Pode-me contactar através de geral@charcoscomvida.org.
    Grato pela atenção, José

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    1. Viva,
      Eu já andei pelo Charcos com Vida, precisamente para saber mais e lembro-me do registo que fala. Obrigado pela visita, eu vou então responder às suas questões, para o e-mail que forneceu.

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